A **interação entre genes não alelos** refere-se à interação entre **diferentes genes localizados em locos distintos**, que juntos influenciam uma mesma característica. Esses genes, apesar de estarem em diferentes posições no genoma (não alelos), podem atuar em conjunto, modulando um fenótipo de maneira complexa. Existem vários tipos de interação entre genes não alelos, sendo os mais comuns a **epistasia**, a **complementação gênica**, e a **interação gênica duplicada**.

### Tipos de interação entre genes não alelos

1. **Epistasia**:
   - A epistasia ocorre quando um gene **mascara ou modifica** a expressão de outro gene que afeta a mesma característica.
   - O gene que faz a "supressão" é chamado de **gene epistático**, e o gene cuja expressão é mascarada é chamado de **gene hipostático**.

   Existem dois tipos principais de epistasia:
   
   - **Epistasia dominante**: Um alelo dominante de um gene mascara a expressão de um alelo de outro gene.
     - Exemplo: Na cor da pelagem de alguns animais, o gene A pode controlar a produção de pigmento, mas um gene B dominante pode bloquear a deposição desse pigmento, resultando em pelagem branca, independentemente da presença do alelo A.
   
   - **Epistasia recessiva**: Um alelo recessivo de um gene mascara a expressão de outro gene. Para que ocorra a epistasia, o indivíduo precisa ser homozigoto recessivo para o gene epistático.
     - Exemplo: Na cor das flores de ervilhas, um gene "C" pode determinar a cor, mas se o indivíduo for homozigoto recessivo para o gene "D" (dd), a cor não é expressa e a flor será branca, mesmo que o gene C esteja presente.

2. **Complementação gênica**:
   - A **complementação** ocorre quando dois genes diferentes precisam estar presentes para expressar uma determinada característica.
   - Exemplo: Em plantas, dois genes (A e B) podem estar envolvidos na produção de uma determinada enzima que resulta em flores coloridas. Se a planta for homozigota recessiva para qualquer um dos genes (aa ou bb), a enzima não será produzida, e as flores serão brancas. Apenas quando ambos os genes dominantes estão presentes (A_B_) a cor é expressa.

3. **Interação gênica duplicada**:
   - Ocorre quando **dois ou mais genes** exercem a **mesma função**, e a presença de qualquer um deles é suficiente para expressar a característica. Ou seja, eles são genes duplicados que desempenham a mesma função.
   - Exemplo: Se dois genes A e B são responsáveis pela cor de uma flor, bastaria a presença de um gene dominante (A ou B) para que a flor seja colorida. A proporção fenotípica resultante desse tipo de interação é geralmente de 15:1, onde 15 descendentes possuem cor e 1 não possui.

4. **Interação de genes complementares (ação gênica cooperativa)**:
   - Genes diferentes atuam de maneira cooperativa para gerar um fenótipo específico. Se qualquer um dos genes estiver ausente ou em sua forma recessiva, a característica não será expressa.
   - Exemplo: A produção de antocianina em plantas (pigmento responsável pela cor das flores) depende de dois genes diferentes que atuam em conjunto. Se qualquer um deles for inativo, a planta não produzirá o pigmento e as flores serão brancas.

### Importância da interação entre genes não alelos

Essas interações explicam por que a herança genética de certas características não segue sempre as proporções mendelianas simples. Muitas características fenotípicas são resultado de interações complexas entre múltiplos genes, como é o caso de cor da pele, altura, e a cor dos olhos em humanos.

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